Citando uma expressão que o Rui Pereira da Costa usa muitas vezes, as 3 fases mais importantes do tratamento endodôntico são: acesso; acesso; e acesso.
Este paciente foi-me referenciado por haver um bloqueio anatómico na raiz MV. O tratamento endodôntico tinha sido previamente iniciado e instrumentados os canais P e DV. Na radiografia de diagnóstico vê-se uma raiz MV com uma curvatura acentuada.
Depois de feita a restauração interina, comecei a procura das dificuldades :).
No canal MV não havia forma de entrar, O MV2 ainda estava por identificar e parecia-me ver ali uma entradinha, ainda que tivesse que remover muita dentina. Com uma ponta US Start X n.2 comecei a exploração no solo da câmara pulpar. O desgaste que tinha que fazer era na parede mesial do dente e à medida que o desgaste era maior a lima 10 ia entrando mais como se pode ver na sequência de radiografias, de tal maneira que a determinado ponto, devido ao uso de US e brocas para recolocar a entrada dos canais a restauração interina teve que ser removida.
Ao dobrar a curva fui utilizando o localizador electrónico de ápice, não fosse o diabo tecê-las… Passada a grande curvatura e depois se de se ter chegado ao comprimento de trabalho respira-se de alívio e entretanto já passaram 90 minutos! A partir deste momento utilizei a ProGlider que deu uma ajuda fantástica, e a partir deste momento tinha o canal fluido, o MV2, e o MV1 também, canais que eram confluentes e que no decorrer do tratamento vieram a ficar unidos, algo que acontece com alguma frequência.
Fiz uma radiografia depois de ter refeito a restauração interina e já era possível ter uma noção do que eu tive que desgastar para ter um acesso o mais recto possível ao terço apical. E as palavras do meu amigo, sempre a martelarem a cabeça, acesso, acesso, acesso…
A primeira sessão estava concluída e foi com uma vontade enorme de terminar o caso que fui para casa…
A tão esperada segunda sessão chegou. Foi uma sessão muito menos radical, mais tranquila com a música Magic dos Coldplay a tocar todo o tempo! Calibragem de todos os canais, irrigação e activação sónica do NaOCl, protocolo final de irrigação, secagem dos canais selecção dos cones de GP e obturação com a técnica que costumo usar, condensação de GP a quente, e injecção de GP aquecida.
Selagem com compósito fluido e restauração provisória com compósito. E pronto: call it magic…