1.3 Instrumento Fracturado Transinusal


Antes de mais, é uma honra criar este meu primeiro POST que certamente se envolverá por brilhantes e bem resolvidos casos clínicos que muito provávelmente invadirão este novo e tão promissor projecto. Root Canal Paradise lives up to its name….

Vou narrar este caso realmente como ocorreu, não embezando, não romanceando apenas descrevendo o mais intimamente possivel… porque não pretendo que seja um desfile de vaidades mas sim um espaço de reflexão, de troca de sabedoria e intuições.


Terça-feira.

Paciente enviado por um Colega Generalista. A paciente foi submetida a radio e quimioterapia há 6 meses, e apareceu na consulta com uma coroa Richmond… na mão. Segundo a paciente a coroa caía várias vezes e foi-lhe explicado pelo seu dentista que seria complicado fazer um espigão maior com a presença do instrumento fracturado. Observando o Rx inicial, podemos concluir que o trajecto do espigão é já um falso trajecto e que há restos de material de cimentação no canal. O instrumento fracturado é uma lima Hedstroem que pode estar dentro do seio e que pode estar encravada no osso periapical, já que sendo um canal recto não haveria grande razão para esta fractura. Planeamento: cirurgia apical ou exodontia (com história de radio e quimio recentes?), remoção do instrumento via ortogonal? Sabemos que estamos perante uma situação borderline Endo/Implante mas os condicionalismos impõe-nos uma abordagem conservadora.

Sómente após 1 hora de trabalho com ultrassons (ponta EMS ET-40) foi-me possivel ver o instrumento. Havia muita resina dentro do canal e um falso trajecto que sempre nos faz “perder o norte”. Nos minutos seguinte o instrumento foi desbloqueado da resina e comecei a aplicar-lhe forças ultrassónicas. Com o ultrassons percebi que o instrumento estava preso em tecidos duros provávelmente do periápice. Neste segundo Rx é possivel perceber que o instrumento se afundou no seio. Nesta fase deixei de lado o ultrassons e recorri ao IRS e ao “velhinho” Masseram. Entre tentativas desesperadas percebi que o êmbolo do sistemas de tubos empurrava o instrumento para apical… o que me trouxe uma nova variante… o instrumento estava solto no ápice e dentro do seio. Colei o Richmond com ionomero de vidro, radiografei e assim dei por terminada a primeira consulta.

Fui para casa com esta imagem.

Reflecti novamente nas alternativas… Falei com o Referenciador, que me disse que o Oncologista teria dito que não havia problema em se fazer uma cirugia apical. Mas isso não me tranquilizou até porque o instrumento já esava quase mais no seio do que no canal. Expliquei ao Referenciador a necessidade de repetir a coroa já que esta estava nitidamente desadaptada.

Terça-feira, uma semana depois.

Comecei a consulta decidido que seria desta. Não usei ultrassons mas ao mesmo tempo estava com medo de usar os sistemas de tubos, já que o êmbolo teria empurrado o instrumento e agora este estava à beira do precipício, à espera do último toque para cair no seio. (ainda me passou pela cabeça que saíria pelo nariz…:)).

Estava numa encruzilhada, sabia que não podia pressionar o instrumento e conseguia ver com o microscópio o seu envolvimento pelo tubo oco do IRS… e lembrei-me de Peter Cancellier. Envolvemo-nos em gadgets sem dar conta que às vezes o mais simples é o mais indicado. Desesperado, parti o meu IRS (que muitos muitos anos me acompanhou), pequei naquele tubo oco e enchi-o de supercola do chinês do fundo da rua. Acreditem que não foi à primeira mas talvez à 10ª tentativa. Deste modo estava certo que não faria força apical no instrumento. E Voilá!

Rx comprovando a ausência do instrumento

Após o protocolo de irrigação, foi feita obturação com System B, procurando algum stop apical (já que estavamos com um calibre apical 60)e conveniente “Tug-back”.

Foi feito um selamento intracanalar com resina Flow cobrindo a gutta-percha e a coroa foi cimentada com ionomero de vidro. Neste momento liguei para o Referênciador para que este a recebesse ainda no próprio dia.

Rx final.

Conclusão: há por vezes condicionantes que exigem de nós um planeamento e até mesmo alterações de protocolos que muito certamente separam o sucesso do insucesso. Este BrainStorming deverá contemplar os cenários, precaver os erros e antecipar os sucessos. Só assim podemos ser e querer ser verdadeiros Endodontistas.

Filipe Aguilar

24 thoughts on “1.3 Instrumento Fracturado Transinusal

  1. Fantástico.
    É isto que faz da endoodntia um desafio, uma actividade fascinante, difícil, emocionante e que às vezes nos deixa meio panóicos.
    Ainda iniciei estas lides mais a sério há pouco tempo mas está-me a parecer que o bichinho já germina.
    Mais uma vez parabéns

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